Primeiro, destituíram os Ministérios
da Previdência Social, Assistência Social, Cultura, Desenvolvimento Agrário,
Comunicação, Ciência e Tecnologia, Ministério dos Transportes, tudo isso com a
justificativa de enxugar a folha, - além de excluíram negras/os e mulheres na
formação desses ministérios - contudo aumentaram 1,4 mil cargos comissionados,
mas não me importei com isso, afinal “não usufruo de nenhuma dessas políticas”.
Segundamente, aumentaram o tempo de
contribuição e a idade mínima para aposentadoria, não reconheceram as diversas
jornadas das mulheres equiparando as idades de aposentadoria de homens e
mulheres e ainda impuseram uma contribuição às/aos trabalhadoras/res rurais,
mas não me importei com isso, “eu não era classe trabalhadora, eu não era
mulher, eu não tirava meu sustento da terra”.
Depois quiseram privatizar a política
de saúde e transformar o SUS em serviço cada vez mais precarizado e não mais
universal, mas não me importei com isso, “eu podia pagar um plano de saúde”.
Posteriormente, amordaçaram as/os
estudantes, as/os educadoras/es falando de uma tal “Escola neutra”, sem
história, sem política (...), quase que acabaram com os investimentos para o
FIES, o PROUNI, Bolsas de Pesquisa, Assistência Estudantil, mas não me importei
com isso, pois “trabalhadoras/es não precisam pensar, e pessoas como eu já tem
diploma”.
Em seguida, reprimiram violentamente
com cassetete, spray de pimenta, bala de borracha, agressões física, moral,
emocional toda e qualquer manifestação que enfrentasse as reformas impositivas
que anulavam os direitos humanos e sociais, mas não me importei com isso, pois
acreditava que “vandalismo devia mesmo ser punido”.
Logo após, anunciaram um Plano de
Demissão voluntária para as/os funcionárias/os do Banco do Brasil e dos
Correios, também discutiram a terceirização da atividade fim, buscaram garantir
que as terceirizações pudessem acontecer em qualquer atividade, mas não me
importei com isso, afinal “acreditei, que mais pessoas iam ser empregadas, que
os gastos iam ser reduzidos e que os serviços iam ficar melhores”.
Seguidamente, implementaram uma tal de
“Ponte para o Futuro” que retrocedeu aí pelo menos um século nas garantias
sociais. Fizeram ainda diversos cortes na política de Assistência Social,
reduziram o número de pessoas que acessavam necessidades básicas por meio do
Bolsa Família, desconsideraram a Assistência Social como política pública de
direito e financiaram o primeiro-damismo, mas não me importei com isso, eu
acreditava que o “Bolsa Família só servia mesmo pra sustentar vagabundo, que a
caridade era a melhor política e que essa ponte era pra construir um futuro
melhor, sem corrupção”.
Agora, antes que aniquilem a minha
história, a memória das lutas e das/os lutadoras/es que dedicaram suas vidas à
construção de uma sociedade mais justa, antes que cercem a capacidade de me
reconhecer enquanto gênero humano e me indignar com a desigualdade, antes que
me calem, preciso me reconhecer como classe trabalhadora que sou. Não posso
esperar, vou me organizar, vou tirar as vendas ideológicas, midiáticas que
confundem, que difundem o individualismo e descontroem nossa capacidade de nos
reconhecermos como companheiras/os.
“Companheira/o me ajude que eu não
posso andar só, eu sozinha/o ando bem, mas com vocês ando melhor.”
Adaptação do Poema Intertexto de Bertolt Brecht, por Keile Pinheiro e Luciana Sátiro
Texto Utilizado na mistica do Planejamento semestral do FMTSUAS/Iguatu-CE,em 12/12/2016
Texto Utilizado na mistica do Planejamento semestral do FMTSUAS/Iguatu-CE,em 12/12/2016
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