sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Adaptação do Poema Intertexto de Bertolt Brecht, por Keile Pinheiro e Luciana Sátiro.

Primeiro, destituíram os Ministérios da Previdência Social, Assistência Social, Cultura, Desenvolvimento Agrário, Comunicação, Ciência e Tecnologia, Ministério dos Transportes, tudo isso com a justificativa de enxugar a folha, - além de excluíram negras/os e mulheres na formação desses ministérios - contudo aumentaram 1,4 mil cargos comissionados, mas não me importei com isso, afinal “não usufruo de nenhuma dessas políticas”.
Segundamente, aumentaram o tempo de contribuição e a idade mínima para aposentadoria, não reconheceram as diversas jornadas das mulheres equiparando as idades de aposentadoria de homens e mulheres e ainda impuseram uma contribuição às/aos trabalhadoras/res rurais, mas não me importei com isso, “eu não era classe trabalhadora, eu não era mulher, eu não tirava meu sustento da terra”.
Depois quiseram privatizar a política de saúde e transformar o SUS em serviço cada vez mais precarizado e não mais universal, mas não me importei com isso, “eu podia pagar um plano de saúde”.
Posteriormente, amordaçaram as/os estudantes, as/os educadoras/es falando de uma tal “Escola neutra”, sem história, sem política (...), quase que acabaram com os investimentos para o FIES, o PROUNI, Bolsas de Pesquisa, Assistência Estudantil, mas não me importei com isso, pois “trabalhadoras/es não precisam pensar, e pessoas como eu já tem diploma”.
Em seguida, reprimiram violentamente com cassetete, spray de pimenta, bala de borracha, agressões física, moral, emocional toda e qualquer manifestação que enfrentasse as reformas impositivas que anulavam os direitos humanos e sociais, mas não me importei com isso, pois acreditava que “vandalismo devia mesmo ser punido”.
Logo após, anunciaram um Plano de Demissão voluntária para as/os funcionárias/os do Banco do Brasil e dos Correios, também discutiram a terceirização da atividade fim, buscaram garantir que as terceirizações pudessem acontecer em qualquer atividade, mas não me importei com isso, afinal “acreditei, que mais pessoas iam ser empregadas, que os gastos iam ser reduzidos e que os serviços iam ficar melhores”.
Seguidamente, implementaram uma tal de “Ponte para o Futuro” que retrocedeu aí pelo menos um século nas garantias sociais. Fizeram ainda diversos cortes na política de Assistência Social, reduziram o número de pessoas que acessavam necessidades básicas por meio do Bolsa Família, desconsideraram a Assistência Social como política pública de direito e financiaram o primeiro-damismo, mas não me importei com isso, eu acreditava que o “Bolsa Família só servia mesmo pra sustentar vagabundo, que a caridade era a melhor política e que essa ponte era pra construir um futuro melhor, sem corrupção”.
Agora, antes que aniquilem a minha história, a memória das lutas e das/os lutadoras/es que dedicaram suas vidas à construção de uma sociedade mais justa, antes que cercem a capacidade de me reconhecer enquanto gênero humano e me indignar com a desigualdade, antes que me calem, preciso me reconhecer como classe trabalhadora que sou. Não posso esperar, vou me organizar, vou tirar as vendas ideológicas, midiáticas que confundem, que difundem o individualismo e descontroem nossa capacidade de nos reconhecermos como companheiras/os.
“Companheira/o me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha/o ando bem, mas com vocês ando melhor.”
 Adaptação do Poema Intertexto de Bertolt Brecht, por Keile Pinheiro e Luciana Sátiro
Texto Utilizado na mistica do Planejamento semestral do FMTSUAS/Iguatu-CE,em 12/12/2016


Nenhum comentário:

Postar um comentário